sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Tiê- Sweet Jardim


Sabe a sensação de acordar de manhã bem cedo, num dia fresco que o sol promete sair , os passarinhos cantam e o cheiro é de um dia novo?
Sabe quando você lembra com carinho de momentos difíceis que se passaram. De lágrimas e desprazeres. E você se vê superando aquilo, ou ao menos aprendendo a rir daquilo?
Sabe quando você pensa em pessoas que você ama e que deixam sua vida colorida?
Sabe quando você pensa nessas mesmas pessoas e as encaixa nos momentos ali de cima?
Então essa cena pede uma trilha sonora e ontem eu ouvi de pertinho quem poderia cantar nesses meus momentos.
Depois de um dia comum de trabalho recebo o convite de uma querida amiga pra ir ao show da Tiê. Confesso que nunca tinha ouvido falar da pessoa. Ando meio desligada do que acontece por aí. Feio. A amiga disse, você vai gostar, é doce e as letras são lindas. E eu só precisava de alguma coisa com açúcar. Aceitei o convite. O apresentação custava 2 reais e era a 100 metros do meu trabalho. Ótimo pra um dia de chuva.
Depois de um lanchinho, chegamos ao local onde um público muito misto aguardava pela abertura do teatro. Velhos bem velhos, adolescentes modelo alternativo clichê, jovens meio roots e jovens intelectuais profundamente conhecedores da cultura nacional contemporânea. E eu (eu sou um pouco de cada um deles, tirando o último).
Tiê cantou todas as suas 10 músicas doces. E mais 2 covers cheio de lembranças - Se namora do balão mágico e Cryin do Aerosmith. Parecia que ela queria falar comigo, sabe? (Essa música vou cantar pra você que tá sentada aí na segunda fileira, é uma cação que fazia você chorar quando era criança que você colocava o LP pra ouvir enquanto pensava no dia em que sentiria aquilo tudo por alguém. E depois eu toco aquela que você tinha numa das inúmeras fitas VHS que sua amiga da cidade grande gravava da MTV ,quando ainda não tinha TV fechada em Jacutinga, e você ouvia e cantava querendo ser uma adolescente descolada).!!!
Me envolvi na simplicidade de suas letra e montei todas as histórias na minha cabeça. Busquei os personagens do meu arquivo pessoal e fiquei curtindo meus 12 curtas de 3 minutos. Tenho um elenco bastante fixo que se repetia em vários curtas.
Mas voltando a Tiê, ela é muito simpática. Dessas que da vontade de ser amiga e de tocar violão junto (eu sempre quero ser amiga das pessoas que eu admiro). Ela é divertida contando as histórias de suas músicas. E está grávida, o que deixa sua voz mais doce (se é que é possível).
A afinação de suas cordas vocais é de dar inveja.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cassino Hotel



Demorei mais achei o livro do André Takeda. O Google me disse que sua escrita tinha um “quê” de Nick Hornby. Publicidade eficientíssima pra uma fanática.
Começo a ler na semana que antecede a viagem a minha cidade natal. Há 6 meses não visito a família. Uma sensação estranha de ansiedade e angústia me persegue quase que inconscientemente. Medo das pessoas estarem muito mudadas, envelhecidas. Medo de decepção. Medo de sentir falta deles quando voltar. Medo de todas as fraquezas. Aí entra “Cassino Hotel”, começo a leitura deixando a surpresa no ar. Não sabia sobre o que se tratava. O texto não chega aos pés no Nick. Mas eu insisto. E logo começo a me encontrar em todos os personagens.
> João Pedro é um cara de 30 anos que nasceu no Rio Grande do Sul e foi tentar a vida em São Paulo como guitarrista. São Paulo lhe traz experiências que me são familiares, solidão, vida trash e fugas. Uma decepção amorosa leva João Pedro de volta ao Rio Grande do Sul onde ele tem muitas pendências amorosas, emocionais com amigos e com a família.
> Melissa é a namorada super pop star de João Paulo (ela tem 18 anos, bom lembrar)
> Mateus é o melhor amigo deixado pra traz na escolha de ficar em São Paulo
> Letícia é a ex namorada também deixada pra traz e que agora esta com o Mateus, grávida.
> O pai de João Pedro adotou Letícia e Mateus na sua ausência e agora eles são como sua família.

Estou na metade do livro, não sei tudo sobre eles e nada sobre outros ainda.

As lembranças de João Pedro de sua vida no interior. Suas experiências. O cheiro e a cor das coisas. Só penso em Jacutinga. Em como é diferente a vida no interior. Adaptar-me na cidade grande foi muito difícil pra mim. Eu sempre fiz analogias de tudo e todos. Sempre tentei encontrar em São Paulo e no Rio um pouco das coisas que eu tinha em Jacutinga. Infelizmente encontrei pouco em São Paulo, talvez pela proximidade com Jacutinga. Sentia falta de algo e logo fugia pra lá. No Rio essa fuga dá muito mais trabalho, então construí uma vida aqui com peças que substituem bem o que eu tinha lá. Algumas coisas sempre vão faltar. Mas outras eu nunca teria lá e nem encontraria peças pra substituí-las.

Tô feliz por cruzar com o “Cassino Hotel” bem agora. Embora.... o ritmo do livro chega a ser tão óbvio que me lembra " O código da Vinci" ^^

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Eu quero meu dia de volta




1,2,3 não brinco mais!


Cansei de ir no banco, pagar contas e ficar preocupada com meu saldo bancário. Cansei de ligar para serviços de atendimento telefônico, reclamar e receber propostas de telemarketing. Cansei de pensar o que vou fazer pra comer, se tem algo estragando na geladeira ou muita roupa suja pra lavar. Cansei de pensar se é dia de trocar a roupa de cama, a toalha, e se hoje o caminhão de lixo passa. Não quero mais saber que dia é hoje da semana, quero de volta minhas férias de julho e meu dia 12. Quero que minha mãe me acorde e não o celular. Ah e também não quero mais o celular. Quero que me digam que não vou levantar da mesa se não comer tudo e que nem terei sobremesa. Quero voltar a acreditar que seguro de vida é uma coisa que você faz pra não morrer mais. E quero não mais saber que existem outros seguros, previdências, investimentos, juros, créditos, senhas, cartões e protocolos. Quero ter horário pra voltar pra casa antes que seja muito tarde e não pra chegar no ponto de ônibus antes que o ônibus que me deixa mais perto do trabalho passe. Quero usar carimbos e stencil e nunca mais imprimir uma folha. Quero esquecer os nomes: arquivos, documentos, Word, Excel e salário. Quero ficar ansiosa pelo meu próximo aniversário, escrever carta pro papai Noel e que escolham a roupa que eu vou vestir. Quero ver meu sapato preferido ficar pequeno. Quero fazer tarefa e sentir o cheiro frutado da lancheira na hora do recreio. Alias, quero trocar a hora do almoço pela hora do recreio. Quero sentir cheiro de presente novo no natal e dormir assistindo um filme da Xuxu, e mais importante, acordar sem ressaca.

Quero ter febre, ficar banguela e pegar piolho.